quinta-feira, setembro 28, 2006

Bala Mágica Ao Vivo

Como eu não tenho dinheiro nem pra Tubaína de fim-de-semana, resolvi usar o texto que Paranoid, da banda mineira Bala Mágica, fez do show realizado na cidade de Pouso Alegre, no último dia 17, no primeiro festival de rock da cidade.

A Bala Mágica já foi entrevistada aqui.

Relaxe e leia.

“À noite, sábado, estava bastante ansioso com nossa apresentação em P.A (nota: Pouso Alegre). Tomei um Valium e dormi ouvindo Sebadoh.

Domingo de manhã estava chovendo. Putz! Fiquei na cama até meio-dia, ouvindo os pingos na calçada.

Um sol tímido apareceu em meios a nuvens negras, e fomos de carro para Pouso Alegre ouvindo Strokes.

Chegamos no Parque das Artes. Lugar legal aquele... CAMINHÃODESOM!

Identifiquei Fernando Goiaba. Hey, você é Fernando Goiaba. Claro que era, só poderia ser, mas perguntei assim mesmo. Ele respondeu: Hey, vai participar da guerrinha de lama?
Segundos depois, o sol vermelho. Já estava queimando nossas camisetas pretas.
Umas garotas fotografaram meu all star.
Vi cogumelos brotando.
Estava ou sou meio caladão?
Camaradas antigos: Thiago, Tutti, Guilherme, Léo, Maudy e um monte de gente bacana.
Muitos cigarros e bebidas depois, subimos no palco.

Liguei meu tonantão véio e mandamos BALA MÁGICA.

Fomos até aplaudidos!!! Legal!
Apresentação rápida e intensa!"

quarta-feira, setembro 20, 2006

Mandou bem!

E olha que eu não sou nenhum fã de Los Hermanos:

http://www.youtube.com/watch?v=iypM6LKhB8o

terça-feira, setembro 12, 2006

Magia eletrônica


A vida me ensinou que, ao manter os olhos abertos, sempre é possível ser surpreendido com coisas incríveis e improváveis. Por isso, não seria espanto conceber uma banda de rock eletrônico surgida em Paraisópolis, cidade do Sul de Minas Gerais. Estranho? Então, conheça Paranoid, da banda Bala Mágica.

OK, você é de Paraisópolis-MG. E graças a Internet, pode ter acesso a qualquer tipo de música, enfim, qualquer coisa. Porém, quais foram os seus primeiros passos no mundo da Música? Quais os primeiros artistas ou grupos que você ouviu e como foi o acesso a eles (disco de vinil, apresentação ao vivo, videocassete, fita K7, televisão, etc...)?
Meu primeiro passo na música foi quando eu nem sabia andar direito. Eu tinha 3 anos, acordava meu pai no meio da madrugada, fazia-o ligar o toca-discos "Telefunken" e colocar um compacto da Dee. D. Jackson que tinha "automatic lover". Adorava o robozinho que ficava repetindo "I am your automatic lover"... Na infância, freqüentava ensaios de bandas locais e tocava "air guitar" em grupos imaginários. Cheguei ao ponto de roubar em um supermercado uma flanela que serviria para lustrar uma possível guitarra. Mais tarde vieram as bandas de garagem e de porão, entretanto o sonho se dissipou e fiquei somente a ouvir música e escrever poesias. Entrei na faculdade de jornalismo, e conheci o Lepha (Overdrive Records e han(S)olo), que me convidou para tocar baixo na Escher, o que foi uma experiência intensa por quase dois anos. Depois, comecei a discotecar rock e música eletrônica num bar aqui de Paraisópolis e vi em grupos como LCD Soundsystem e The Rapture a possibilidade de formar um projeto de rock para pistas.

Você chegou a estudar algum instrumento musical?
Na verdade eu não sei tocar, no sentido amplo da palavra, instrumento algum. Toda minha formação musical aconteceu ouvindo boa música e tocando. Aliás, na minha época de vagabundo (todos os caras têm uma época de vagabundo) passávamos eu e um amigo meu, Ferrugem, trancados num quartinho, ouvindo lp's do Beatles do pai dele, fumando unzinhos e improvisando por horas a fio. Minha mãe achava que éramos gays, mas nosso amor era pela música e pelos baseados.

Como funciona a Bala Mágica? O que cada integrante faz? Poderia traçar um pequeno perfil de cada um dos componentes?
Sempre me pergunto como uma banda como a Bala Mágica surgiu numa cidade tão morta como Paraisópolis. Como? Não sei. Aqui, pessoas como nós, movidas a rock, temos escassas alternativas de diversão e expressão. Vivemos numa típica cidade do interior, com poucas opções de trabalho e transformação existencial. Este fato, que poderia nos embrutecer, acabou sendo o ponto contra o qual nos rebelamos e montamos a Bala Mágica. Por incrível que pareça, trabalhamos eu, Vanessa e Ismahell na mesma fábrica... Apesar de nos conhecermos bem antes disso, foi nos corredores de nosso trabalho que arquitetamos a banda. Eu sou poeta, jornalista frustrado, adoro ler Kerouac e ouvir Joy Division. Vanessa tem uma facilidade incrível para música, estuda administração, toca violão e canta na igreja e anda ouvindo Placebo! Ismahell é um cara cheio de energia, explosivo e meu medo é que os caras do Franz Ferdinand o descubram...

Ao ouvir a faixa “Monster”, no MySpace de vocês, achei engraçado que, apesar de ser eletrônico, o grupo abriu mão na hora da gravação de todas as “maravilhas” do mundo digital ao usar um porta-estúdio Tascam analógico de 4 canais. Por que isso? Vocês quiseram assim mesmo ou foi a opção mais acessível para registrar as músicas?
A idéia de que o meio é a mensagem na Bala Mágica não funciona, pois nesse sentido para soarmos eletrônicos teríamos que usar meios sofisticados e digitais. Por isso, escolhemos o porta-estúdio Tascam analógico de 4 canais que para nós não é só um meio de expressão, mas sim parte integrante do conceito Bala Mágica que é fazer rock para pistas, lo-fi e underground.

Quais são as influências da Bala Mágica? Eu sei que Beat Happening é uma delas...
Temos influências diversas que não necessariamente são elementos presentes em nosso trabalho como Literatura Beat, filosofia existencialista, pós-modernismo, filmes pornográficos, make up, clubes esfumaçados e pistas quadriculadas. Pessoalmente gosto muito da estética do Beat Happening e fazemos em nossas apresentações uma versão para “Black Candy”... E olha só que estranho: uma banda sem guitarras tocando uma canção de uma banda sem baixo... Ah! Também somos sadomasoquistas.

Quais são os próximos passos da Bala Mágica? Lançar alguma coisa? Fazer shows?
Estamos divulgando o e-single "Monster" na Internet e estou idealizando um clip com imagens de um monstro de verdade... Na primavera, lançaremos pela Overdrive Records nossa primeira demo: "Space Dreams", com quatro músicas inéditas. Estamos muito a fim de tocar em lugares legais para pessoas legais. Quem sabe não aparecemos por aí?

Contato - balamagica@bol.com.br

sexta-feira, setembro 08, 2006

Gente estranha que faz música esquisita – Parte 1


Shellac
Banda do produ... ooops... desculpe, “gravador” Steve Albini. O cara é tão chato se você chamá-lo de produtor que provavelmente ele lhe dará um chute em retribuição. Guitarrista e vocalista, Albini ganhou fama ao gravar bandas como Pixies (“Surfer Rosa”) e Nirvana (“In Útero”).

Entre seus métodos de gravação (sempre analógica), o mais conhecido é usar uma sala grande e vários microfones espalhados em locais estratégicos para a captação do som dos instrumentos (o resultado, maravilhoso, pode ser ouvido em faixas como “Rape Me”, do Nirvana). Outra marca registrada de Albini é a mixagem, que privilegia o instrumental, deixando a voz “enterrada”.

Todas essas idiossincrasias se encontram no som do Shellac: um rock beeeem pesado. Outra coisa legal desse grupo é o culto às guitarras da marca Travis Bean, instrumentos vintage construídos com alumínio.

Para conhecer melhor o som, busque o disco “1000 hurts”, e ouça a primeira faixa, “Prayer to God”.

Melvins
Uma das bandas mais importantes do underground dos Estados Unidos. Formado no início dos anos 80, o grupo sempre teve como membros constantes o guitarrista Buzz Osborne (o cabeludo da foto) e o batera Dale Crover (nunca houve um baixista que permanecesse muito tempo na banda). Com um som lento e pesadão, eles influenciaram inclusive bandas de Metal. Ah, depois eu escrevo mais sobre eles...

sexta-feira, setembro 01, 2006

Rock´n´Roll até a morte!!!


O município de Cosmópolis está encravado na região central do Estado de São Paulo. Lá, no meio de vastos campos verdes, um calor desgraçado e poucas opções de lazer, deve ser complicado para uma pessoa agitada encontrar diversão. Pois é, eu pensava isso até conhecer os Thinners.

Em maio deste ano, a minha banda, salad star, foi encaixada pelos nossos amigos do Volumme para tocar em um certo Bar do Sérgio. Já tínhamos passado por Limeira, a “cidade da laranja”, e gostamos do que vimos: um público sedento por rock e afeito a festas underground. Então, por que Cosmópolis não seria legal?

Bem, foi muito melhor do que as nossas expectativas humildes de banda independente esperavam. Além do público acolhedor, percebi que quatro caras iriam fazer alguma coisa inusitada. A minha colega de banda trocou os CDs e eis que me vem às mãos a demo do Thinners, intitulada “Não empata a minha foda”. Legal... No mínimo, os caras tinham senso de humor.

Bem, vai começar o show... cadê o baixista? Duas guitarras? Show! Começo a me lembrar de Jon Spencer Blues Explosion, mas o buraco era mais embaixo.

Vem o primeiro esporro. “Céu Estrelado” traz uma letra inspirada. Vide um trecho: “Os cachorros estão latindo mais baixo / O cego olhou o bico do pato / O pato bebeu a água do vaso / O riacho ficou embaixo do casco / As crianças brincando no céu estrelado (4x)”. Efeito chiclete: na volta pra casa, um colega que viajou comigo ficou repetindo “As crianças...” durante quatro horas seguidas.

Não bastasse essa letra maluca, os integrantes extravasam tudo o que é possível: pulam, se contorcem, põe a guitarra no talo... só faltavam se cortar com os instrumentos. O público entra na onda e canta junto. Pouco importa se são os amigos... A festa já tava feita!

Antes que eu esqueça, o Thinners é formado por Duim no vocal, Ian e Lecão nas guitarras. O baterista Luiz foi quem respondeu as perguntas.

Como é ter uma banda de rock em uma cidade tão tranqüila e pacata como Cosmópolis? (Nota: tudo bem, é uma pergunta bem idiota... mas eu não sabia como começar o papo de outra maneira)
Há alguns anos, Cosmópolis já tinha um movimento de rock e punk rock. Já vieram pra cá bandas como Garage Fuzz, Blind Pigs, Hateen, Street Bulldogs, Dance of Days, Muzzarelas, Os Excluídos, Flicts, A-Ok, Sugar Kane e outras bandas, e muita gente nova da galera do Thinners nem sabe desses shows.
A gente ficou meio surpreso com jeito que a galera da banda cresceu, não esperávamos isso em Cosmópolis, sendo que existem muitos “emos de Internet”, manos e pagodeiros de sobra! (rsrs)
E tem outras bandas que estão sempre no “rolê” com o Thinners: Anti-Céticos, Sem Sinal, Núbia Sx, Cókix, Tosco Live, Meliant’s... Isso ajudou muito para o movimento voltar a crescer.
Ah, me esqueci: Sandy & Junior já vieram fazer um show aqui em Cosmo também, hahaha!

Para uma banda nova, vocês até que fazem shows pra caralho... Como rola isso? Existe mais união entre as bandas da sua região ou vocês correm muito atrás?
O Lecão e o Ian tiveram uma banda antes do Thinners, o Analgésicos, e com essa banda eles foram mantendo contato com a galera da região. Mas a gente está sempre correndo atrás de shows, procurando algum evento, oportunidades, qualquer coisa pra gente tocar. Sem esquecer do Bar do Sérgio, a “casa” do Thinners, (rsrs)

Como você definiria o som do Thinners para alguém que não tem a mínima noção do que seja rock?
A intenção da banda foi fazer um rock´n´roll das antigas, mas sempre acaba sofrendo uma influência atual. Eu definiria um som com duas guitarras um pouco pesadas e sujas, e letras psicodélicas do Duim, hahahaha!!! (Nota: E bota psicodélico nisso!)

Por que dois guitarristas? Vocês quiseram assim mesmo ou nunca encontraram um louco pra tocar baixo?
A idéia da banda foi sempre manter somente dois guitarristas mesmo, pelo fato de uma banda sem baixo ser diferente e chamar mais a atenção. Mas em algumas músicas dá pra perceber a falta que faz um baixo. Mas um baixista não está nos planos do Thinners. Bem, a não ser que a gente ache algum sanfonista perdido por Cosmópolis, hahaha!!!

Me chamou a atenção, no primeiro show que assisti de vocês, o alto consumo de álcool dos integrantes (não de todos, alguns. Não citarei nomes). Já rolou alguma m%rda em algum show por causa de “excessos”?
Não, não... A gente só bebe quando é de graça. É muito raro alguém da banda aparecer com dinheiro pra bebida nos shows, hahaha!!!! Merda, sim: Uma vez tocamos no Zaz aqui em Cosmópolis, e nosso guitarrista Ian, “o panguão dos rolês”, tomou umas a mais. Caiu duas vezes em cima da bateria, errou todos os solos possíveis e passou o resto dos shows dormindo sentado. Foi muito engraçado esse dia.

Quais são os próximos passos do Thinners? Gravarão novas músicas? Mais shows por todo o Estado?
O próximo passo é regravar a nossa demo, a primeira gravação dela ficou muito porca! (rsrs)
A gente está com duas músicas novas, “Luxúria” e “Ganhamos Terreno”. Quem sabe no começo de 2007 não saia outra demo? Depois tentaremos fazer dois clips: “Céu Estrelado” e “Luxúria”.
Quanto a shows, como sempre continuaremos tentando tocar em todo lugar possível. E se for acessível ao nosso bolso, a gente toca até fora de São Paulo.

Para saber mais:
http://fotolog.net/the_thinners - sempre atualizado

Roubaram o Dinosaur Jr


E daí, né? Esse é o tipo de notícia que não mudará a sua vida. Mas tive uma dor no coração ao saber por meio do site do produtor americano Steve Albini (o cara que já produziu Pixies, Nirvana, etc.) que uma das bandas do meu coração, o Dinosaur Jr, sofreu uma perda quase que irreparável.

No último dia 29/8 em Long Island (EUA), ladrões arrombaram o ônibus de tour da banda e roubaram 5 guitarras, 2 contrabaixos, pedais e até os pratos do baterista.

Entre as raridades surrupiadas, guitarras Fender Jazzmaster construídas em 1959 e 1964, típicos instrumentos que o guitarrista J Mascis costuma usar para debulhar em solos maravilhosos.

É difícil acreditar em recuperação, mas não custa torcer. Infelizmente, até o Sonic Youth (outra banda do coração) já sofreu um atentado semelhante nos anos 90.

Bem que a polícia podia no mínimo pegar os ladrões. Abaixo o prejuízo:

5 guitarras:
Fender Jazzmaster 1959
Fender Jazzmaster 1961-3
Fender Jazzmaster 1964-5
Fender Jazzmaster novinha em folha
Rory Gallagher Stratocaster nova

2 contrabaixos
Rickenbacker 197?
B.C. Rich Warlock Bass

Caixa customizada de pedais (incluindo um wah-wah, um boss stage tuner, mute box e cabos)

Pratos (quase o kit inteiro do Murphy):
3 Paiste 20"
1 Paiste 19"
2 Paiste 15"

Pronto, pode continuar a viver.