terça-feira, abril 28, 2009

Voltando a postar!

Depois de um longo e tenebroso inverno, rs...
Aguardem outros textos.

Por enquanto, fica a dica do meu amigão Renato:
http://viradacultural.org/

quinta-feira, maio 08, 2008

2008. Um ano estranho (no quesito shows)


Muito esquisito. Estamos em maio, e amanhã, em São Paulo, o cantor Rufus Wainwright se apresenta em São Paulo.

Neste primeiro semestre, a Capital paulista já recebeu Shellac, banda do cultuado produtor Steve Albini, e os ícones do hardcore/punk Bad Brains.

E aí, quais serão os próximos shows improváveis no Brasil?

domingo, maio 04, 2008

Entrevista com André Azenha

Voltando (um pouco) à ativa.
Tentei entrar como redator em um site independente, o www.omanicomio.com.
Tomei "bomba"... Não entrei, rs...
Mas a entrevista ficou ótima e publico aqui, para o seu deleite.

XXXX

Ele tem 27 anos, é jornalista e tem uma grande paixão: escrever sobre Cinema. Mas nem sempre foi assim, e tudo começou com o apoio de uma mulher: “Foi graças a uma ex-namorada que comecei a escrever sobre Arte”, diz o santista André Azenha. Seu primeiro texto foi publicado no portal Scream & Yell, no início de 2006. Desde então, já assinou mais de 200 críticas, publicadas em diversos sites. Sem contar que ele faz parte da equipe de colaboradores da Pipoca Moderna, revista editada por Marcel Plasse, fundador da Revista SET e ex-crítico da Folha de S. Paulo. Em 12 edições, Azenha já emplacou seis matérias de capa.

Apesar de seu jeito tímido e reservado, bastam alguns minutos para André sentir-se à vontade (ou não, depende de você). Amante de um bom papo, ele concedeu uma bela entrevista para o site O Manicômio, direto de seu apartamento em Santos, litoral de São Paulo.

Como e por que você escolheu fazer críticas de Cinema?
Eu me formei em Jornalismo em 2001, e sempre gostei de ver filmes. Mas, até então, minha principal paixão era a Música. Lia muitas revistas musicais: a Bizz, a revista da 89 FM, a Rock Press quando era edição impressa, enfim... Foi graças a uma ex-namorada que comecei a escrever sobre Música. E o primeiro local a publicar um texto meu foi o site Scream & Yell, do chapa (Nota do Redator: Em Santos, significa amigo) Marcelo Costa. Como sempre gostei de ir ao cinema e minha “ex” é cinéfila, passamos a bater ponto em salas de projeção. A relação não deu certo, mas eu acabei me apaixonando pela Sétima Arte (risos) e comecei a escrever resenhas de filmes, o que se tornou minha motivação principal. Meu primeiro texto de cinema, se não me engano, foi sobre o documentário vencedor do Oscar “A Marcha dos Pingüins”, publicado no Scream & Yell no comecinho de 2006.

Você lembra da primeira vez em que foi ao cinema? Qual era o filme? Como isso marcou a sua vida?
Se bem me lembro, o primeiro filme que eu vi foi “Karatê Kid” (risos) em uma excursão de colégio. Fiquei “fissurado” com a idéia de conquistar a menina dos sonhos... E consegui dar um selinho numa garotinha chamada Gabriela, da época do pré. A professora deu uma bronca que jamais esqueci. Muita gente leva na brincadeira esse filme, mas na verdade o longa teve seus méritos. Numa época em que os EUA disputavam a hegemonia mundial com os russos, apareceu uma produção mostrando um jovem americano aprendendo muito com um senhor asiático. O Pat Morita (Nota do Redator: Que saudade do mestre Miyagi!) foi indicado ao Oscar de ator coadjuvante pela atuação.

É possível sobreviver no Brasil escrevendo sobre Cinema?
Possível, é. É só ver, por exemplo, o Rubens Ewald Filho. Mas é bom saber que ele também é produtor, faz teatro e tem outras atividades. E os críticos de jornais e revistas não fazem apenas isso. O público lê a resenha de um filme e pensa: “Que legal, o cara ganha dinheiro dando opinião sobre os longas”. Não é bem assim. Na maior parte dos casos, o cara ganha para ser repórter, fazer reportagens, legendas, tirar fotos, e as críticas são apenas uma pequena parte do trabalho. No meu caso, escrevo por prazer mesmo, não vivo disso. Às vezes, pinta um trabalho free-lancer, mas não são críticas. Para chegar ao ponto de viver apenas como crítico de cinema, ou crítico musical, há uma longa estrada. Lá fora é mais provável. Há o repórter e o crítico. Aqui entra tudo no mesmo balaio.

O que você prefere: filmes norte-americanos, europeus, asiáticos ou brasileiros? Justifique.
Difícil responder essa. Eu gosto de cinema. Existem bons filmes americanos, europeus, asiáticos e brasileiros (risos). Tem gente que torce o nariz para filmes americanos, mas são feitos ótimos filmes lá também. “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” eu considero uma pequena obra-prima. “Menina de Ouro”, do Clint Eastwood é uma obra super sensível. As pessoas julgam sem ao menos tentarem sacar as obras. Tem a galera que só gosta de filmes independentes e acham que todos os blockbusters são porcarias. E o pessoal que acha que filme indie só fala de pobreza e homossexualidade. Não tem nada a ver. Nos últimos tempos, tenho gostado muito das produções asiáticas que têm influenciado bastante o cinema ocidental, principalmente os filmes de terror. A trilogia sobre vingança (com “Mr. Vingança”, “Oldboy” e “Lady Vingança”) do diretor coreano Chanwook Park é espetacular! “Memórias de um Assassino”, também coreano, é melhor que praticamente todos os thrillers e suspenses ocidentais dos últimos anos. E “O Hospedeiro”, do mesmo diretor de “Memórias...”, Joon-Ho Bong, deu uma nova "cara" para os filmes de monstro. Aliás, até “Os Infiltrados”, do Scorsese, que ganhou estatuetas do Oscar de Filme e Direção, é remake de produção oriental. Tarantino foi influenciado pelo cinema do Oriente... E por aí vai. Não que os filmes orientais sejam minha preferência, mas nos anos 2000 a criatividade tem vindo do outro lado do oceano.

O Cinema tem alguma função social? Ele pode mudar o mundo?
Primeiro: sou da opinião que artista nenhum tem obrigação de ter algum tipo de função social. O Renato Russo já dizia: "Quer mudar o mundo? Entre para o Greenpeace, algum partido político, etc...". Cinema é entretenimento. Pode até gerar algum tipo de discussão, como ocorreu com o “Tropa de Elite”. Ou então demonstrar algum tipo de realidade para um público maior, como rolou com vários filmes "denúncia" recentes, à maneira de “O Jardineiro Fiel”, sobre a exploração da indústria farmacêutica na África; o “Syriana”, sobre o interesse por petróleo no Oriente Médio; “Nação Fast Food”, “O Senhor das Armas”, e por aí vai. Isso funciona como uma espécie de complemento, pois enquanto o telejornalismo atinge determinado público, o cinema alcança uma gama maior de pessoas. Mas aí você tenta ver se as indústrias farmacêuticas pararam de explorar a população africana, se a indústria das armas parou de funcionar... Claro que não. Então, não mudou nada. Apenas um maior número de pessoas ficou sabendo como funcionam inúmeros esquemas sujos. O Cinema pode gerar debates, assim como a Música ou qualquer expressão artística, mas mudar as coisas mesmo, acho muito difícil. Expressões artísticas podem influenciar a vida de uma pessoa, até mudar esse ser humano, mas a expressão "mudar o mundo" é muito romântica.

Seja sincero: Qual o valor de uma crítica de cinema? Você acredita que ela pode influenciar a opinião de quem lê?
Eu gosto de ler algumas críticas de determinadas pessoas. Nas não deixo de ver um filme que esteja muito interessado se algum cara falar mal. Por exemplo: A maior parte dos críticos acabou com o “Água Negra”, do Walter Salles. Eu não deixei de ir ao cinema por isso, e adorei a produção. Crítica de Cinema pode dar um "norte" para a pessoa, mas não determina exatamente se ela pessoa irá ou não ver o filme. Isso varia muito. Tem aquele cara que vai ver o filme por causa da atriz, a menina que quer ver o astro preferido, a pessoa que se interessa pelo filme por causa do diretor, do roteirista, enfim... Há inúmeras formas de despertar o interesse na platéia. Mesmo porque quem lê crítica de Cinema é cinéfilo, crítico de Cinema (risos) ou pessoas que tenham acesso a publicações especializadas, o que exclui boa parte da população. Aliás, tem crítico que acha que texto de Cinema deve ser escrito para especialista em Cinema (risos). E devia ser o contrário, ser um complemento de informação para aquela pessoa leiga, ou não tão interada com as produções cinematográficas, para ela saber o que o filme tem de bom ou ruim.

Para o público do site Manicômio: Qual a sua dica para quem quiser seguir o mesmo caminho que o seu?
Ter força de vontade e não desistir se esse for realmente o seu sonho. Procurar estudar bastante a História do Cinema. Nem tanto a parte técnica, que é mais para quem quer "fazer" Cinema, mas é bom saber de onde vem tal tendência, tal maneira de filmar, enfim... Mas o principal é: assista filmes, todos os clássicos, filmes antigos, todos os gêneros, produções de diferentes países... E leia bastante sobre Cinema também, para tentar dar uma "cara própria" ao texto, pois o que mais rola é clone de crítico, principalmente na Internet. No começo é até compreensível, mas se o crítico/jornalista não procurar desenvolver um estilo próprio, se torna apenas mais um. Quem quiser conversar sobre o assunto é só me enviar um e-mail no andre_azenha@yahoo.com.br ou postar comentários no meu blog www.zencultural.blogspot.com. Deixo meu abraço para os leitores do Manicômio, e gostaria de dizer que é muito bacana a iniciativa das meninas que cuidam do site.